EXPECTATIVA PARA A SAFRA 2024/25: RECORDE DE PRODUÇÃO OU MAIS UM ANO FRUSTRADO PARA O PRODUTOR?

Após um ano ruim para os produtores de soja, com baixa produção, alto custo e preço de venda aquém do necessário, projetava-se uma safra 2024/25 de recuperação ao menos da produtividade, inclusive com previsão de safra recorde. Entretanto, em algumas regiões, infelizmente as projeções podem não se concretizar.

A lavoura de grãos é extremamente suscetível ao calor e umidade, de modo que altas temperaturas, estresse hídrico (seca) e excesso de chuvas são fatores determinantes para uma boa produção. Nessa safra, o principal problema que vem sendo enfrentado por agricultores gaúchos, sul-mato-grossenses, paranaenses e paulistas é o veranico, fenômeno meteorológico caracterizado pela estiagem acompanhada de calor intenso.

Provavelmente em decorrência do La Niña (que ainda não foi confirmada pelos especialistas, diga-se de passagem), as chuvas têm se concentrado na região centro-norte do país, enquanto as regiões mais ao sul sofrem com a falta de água na recorrência necessária para o bom desenvolvimento da planta.

Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul são os estados mais afetados pelo veranico. Estima-se que 60% das lavouras implantadas na porção sul do MS estão prejudicadas pela seca e pelo excesso de calor, inclusive com danos irreversíveis em boa parte delas. Já os gaúchos, que enfrentam há anos intempéries climáticas, sendo a mais calamitosa em 2024 com alagamentos em muitas regiões do estado, esse ano têm de lidar com a falta de chuvas e o calor extremo, o que certamente acarretará em produção inferior ao estimado no início da safra.

Em algumas regiões dos estados do Paraná e de São Paulo também há o problema da falta de chuvas recorrentes e do excesso de calor, o que poderá impactar sensivelmente na produção esperada para esses dois importantes polos produtores.

Por outro lado, áreas do Mato Grosso e do interior do Nordeste, por exemplo, sofrem com o problema inverso: chuvas intensas que desde o início de ano vêm causando alagamentos nas plantações. Na região norte de Mato Grosso, produtores contabilizam os prejuízos oriundos das chuvas excessivas em meio à colheita. Já na região do baixo São Franciso, em Alagoas, a crise é a mesma e grande parte da produção de arroz desenvolvida na área já está perdida.

Como visto, apesar das previsões otimistas do início da safra, algumas regiões produtoras não alcançarão a produção estimada diante da frustração que está se caracterizando. A retomada esperada pode ser que não se confirme, sendo motivo de preocupação por parte dos sojicultores.

Num cenário em que o produtor rural já amargava os resultados da péssima safra 2023/24, cumulada com o alto custo de aquisição de insumos e o preço de venda pouco atrativo, mais uma safra frustrada poderá tornar sua atividade inviável, tendo em vista os compromissos contratuais assumidos para a implementação da lavoura e que não esperam para serem cobrados.

Antes de ser aplacado pela insuficiência de receitas e pelos vencimentos dos contratos de custeio e financiamento, o produtor deve se planejar e atuar para que possa continuar a plantar e produzir nas safras seguintes. Para salvar seu patrimônio e a continuidade de sua atividade, a assessoria jurídica especializada é primordial, pois somente com ela as melhores opções poderão ser planejadas, adotadas e executadas com vista em proteger o melhor interesse do agricultor brasileiro.

Augusto Malezan Tomé
OAB/PR 96.628

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Augusto Malezan Tomé - Advogado (OAB/PR 96.628), pós-graduado em Direito Civil, especialista na atuação em Direito Rural e Bancário.

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